domingo, 22 de maio de 2011

CONCLUSAO

Textos e mais textos lidos na preparação para o trabalho de campo. Todos contavam a história da capital do país. Contavam para gente uma história de uma cidade que estava bem longe da nossa realidade. Era difícil não relacionar o congresso diretamente ao CQC e muito menos imaginar o que seria estar em uma cidade planejada, sem ter casas e comércios próximos, pessoas andando nas ruas lotadas, sem ter aquela confusão que estamos acostumadas.
Chegar em Brasília pela primeira vez representou um choque estrutural tão grande que parecia que tínhamos saído do Brasil. A estrutura da cidade nos faz sentir dentro de uma maquete. As avenidas centrais são largas e o acesso delas se limita aos carros. Pedestres são raramente vistos ali por perto a não ser que se adentre á praça dos três poderes.
Quando você esta dentro da praça dos três poderes você se sente no centro, no coração do país. Tudo que modifica sua vida tanto para o bem quanto para o mal, tudo que constrói seu perfil de cidadão brasileiro vem dali. Ali você é governado, julgado e representado, e se feita uma comparação de estruturas o congresso e o senado possuem estrutura muito maior que o supremo tribunal federal e o palácio do planalto, portanto, a estrutura do congresso e do senado traduz uma importância relativamente na representação da voz de cada cidadão brasileiro. Tudo em Brasília é estruturalmente pensado. Cada construção tem um pensamento lógico por trás, tudo foi pensado para que a capital do país fosse uma cidade modelo para o resto, para que fornecesse aos seus habitantes toda infra-estrutura necessária para o bem estar e a integração de todos, sem elementos que favorecessem a distinção social e a desigualdade. Mas seria essa mudança na forma capaz de mudar a função que os habitantes de Brasília ligassem á ela? A forma é capaz de mudar o modelo de vida já imposto e “ensinado” ao cidadão? Algumas estruturas de Brasília tentaram mudar a tradição dos hábitos do ser social, e por isso, muito do que planejaram não se concretizou efetivamente. Hoje vemos que as escolas classe e parque das superquadras não são capazes de gerar integração entre as classes sociais pois quem tem condições de morar na superquadra, tem condições de colocar o filho em uma escola particular. O comércio que existe na superquadra não vai se limitar á venda apenas para seus habitantes, e vai ser virado para rua para divulgar seu comércio e atrair cada vez mais consumidores. Isso não é novidade para ninguém, só é novidade uma cidade planejada tentar acabar com esse costume, com essa forma padronizada pela sociedade a séculos.
Quando saímos do plano piloto e entramos na cidade satélite, parecia que tínhamos voltado ao mundo real. Brasília da sim a impressão de ser uma cidade fantasma, raramente se vê pessoas andando na rua e você precisa estar no setor certo, na hora certa para se socializar. E, ao entrar na cidade satélite sentimos uma atmosfera muito mais acolhedora, claro que com seus problemas sociais, mas é uma atmosfera de desenvolvimento e superação e local de organizações exemplares como a CUFA.
Ceilândia sempre foi conhecida pela sua violência, mas a única violência relacionada á ela foi o preconceito que a mídia impôs sobre sua imagem. O chefe da CUFA é um mestre e ele lidera uma organização que tem o objetivo de encaixar a voz da comunidade de ceilândia em um patamar igual aquele do plano piloto. Quer acabar com a violência imposta sobre a imagem de Ceilândia.
Brasília é a tradução da tentativa de arquitetos e governantes de criar uma utopia de cidade com base em um projeto modernista e lógico. Onde em cada estrutura do poder você descobre uma lógica por trás. É uma cidade destinada aos três poderes e nem o poder de Deus é representado de uma maneira maior, a catedral nacional não se compara a outras catededrais. Os arquitetos de Brasília tentaram de todas as maneiras alterar a forma da cidade para alterar a vida do cidadão, quizeram construir em cinco anos uma estrutura capaz de acabar com tradições milenares da vida do homem.

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